Regressei
 de Lisboa com as minhas alunas do 3º ano da ESEC. Fomos todos ao Teatro
 da Cornucópia, ver Lorca ou melhor ver a Ilusão. Também nós andamos 
iludidos, pé ante pé à procura da sensibilidade, das metáforas, do sonho
 e da Arte nas palavras do Federico Garcia Lorca para o nosso último 
projeto. 
 No palco do Teatro da Cornucópia sente-se a Arte a ser invadida pela Vida ou melhor pela consciência
 da Morte. Mas essa consciência é a da extinção deste grupo que é também
 a nossa - a do nosso ser, da nossa importância, a do nosso país, a do 
nosso Teatro. 
 É engraçado voltar à Cornucópia ao fim de algum tempo, a 1ª vez que lá fui, foi pela mão do António Fonseca, penso que vi Amor(es) /Enganos do Vicente, eu a Sofia Moreira e a Amélia Carrapito
 vindos do TUM de Braga. Éramos jovens com sonhos de Teatro. Depois 
passei a ir muitas vezes, primeiro porque adorava Lisboa, e bom foi hoje
 lá voltar, depois porque era tempo de ver para aprender, mas com o 
tempo fui-me cansando de lá ir,  e fui perdendo a fé, passou a ser como 
ir à Missa na minha Terra. E assim fui voltando cada vez menos e cada 
vez mais e mais espaçadamente. Mas hoje voltei lá, e soube tão bem. 
 Hoje fui eu que levei pessoas com sonhos de Teatro pela 1ª vez àquele palco. 
 Hoje vi quase 60 atores amadores a responderam ao desafio desta companhia para  para não deixar cair este projeto. 
 Hoje vi Teatro - um espaço com pessoas com vontade de estarem juntas, 
de festejarem esta Fiesta, e esta merda em que vivemos. Vi a conciência 
da Morte nos olhos do criador, mas também vi a vitalidade de continuar, 
de mãos dadas, a dançar juntinhos. 
 E para acabar, sorrateiramente 
consegui comprar o programa (isto sim eram programas senhoras e 
senhores!) do espetáculo Público do Lorca feito em 89 na Cornucópia.
 LMC dizia "É da relação da Ate com a Vida que neste texto se tratra. 
(...) Este espetáculo fala de quê? Que diz? Não sei. Não sei se o teatro
 é como a música, mudo. Com todo o sentido e sem sentido nenhum. Como a 
vida. Só Alegro, andante, adagio, vivace, forte, ou piano. E o público 
que entre." 
 É isto. E agora vou sonhar.

 
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