Ricardo
Correia, encenador, actor, professor… melhor dizendo e nas suas
próprias palavras, é um “fazedor de teatro” porque confessa ter
dificuldade em posicionar-se apenas num termo. Começou cedo nestas lides
de palco. Primeiro em Braga no teatro universitário, passando pelo
Teatro Nacional S. João no Porto e finalmente em Coimbra. Sempre
procurou coisas que queria fazer e começar a encenar foi uma
resposta natural a essa necessidade de querer olhar o mundo e querer
dizer alguma coisa. A docência vem depois um pouco por “arrasto”, na
educação não formal inicialmente e agora na Escola Superior de Educação
de Coimbra.
Hoje em dia, conta-nos, neste meio não se pode fazer só uma coisa. A profissão assim o obriga também a estar constantemente atento ao que se passa ao seu redor. É isso que tenta despertar nos seus alunos e nos actores que encena.
No meio de vozes de fundo que aquecem para o ensaio que se seguia, diz-nos que não é o papel dos artistas o de mudar o mundo, mas ser um motor para propor ao outro, através de pistas e indícios, que permitam uma leitura que nos ligue de volta ao mundo, que nos “belisque só pra sabermos que dói - às vezes isso é preciso…”. Não se considera moralista nem é esse o papel de um artista. Sente que o papel dos artistas está a “esvaziar-se” e que infelizmente é cada vez mais difícil criar novo público e manter o que já se tem, talvez face às propostas “fáceis” que são colocadas de mão beijada e de “fácil digestão”. Apesar disso o carácter que é transversal a quem é artista, não lhe permite desistir!
O país é para artistas e tem mesmo de ser, conta-nos. Ao falar do projecto que o levou a terras de Sua Majestade - “ O meu país é o que o mar não quer” - um espectáculo de teatro documental que nasceu da sua estadia em Londres em 2013 enquanto bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e foi construído a partir do seu relato pessoal incidindo nos testemunhos de emigrantes portugueses qualificados recolhidos através de entrevistas, cartas, fotos e e- mails. Estes testemunhos eram de pessoas que conheceu em Londres e que tiveram de sair do nosso País devido às medidas de austeridade da TROIKA e do Governo Português, ou que deixaram o País por vontade própria mas que agora não conseguem regressar por falta de perspectivas de futuro no país de origem. É a sua estória, a história de uma geração dividida entre partir e ficar.
“Apesar deste país nos andar a tratar mal - a todos e não só aos artistas - carregamos connosco uma espécie de utopia que nos leva a acreditar e a querer voltar sempre. É aqui que é o nosso lugar e é aqui que temos uma palavra a dizer”.
Coimbra, 01/07/2016
© Carlos Gomes
Hoje em dia, conta-nos, neste meio não se pode fazer só uma coisa. A profissão assim o obriga também a estar constantemente atento ao que se passa ao seu redor. É isso que tenta despertar nos seus alunos e nos actores que encena.
No meio de vozes de fundo que aquecem para o ensaio que se seguia, diz-nos que não é o papel dos artistas o de mudar o mundo, mas ser um motor para propor ao outro, através de pistas e indícios, que permitam uma leitura que nos ligue de volta ao mundo, que nos “belisque só pra sabermos que dói - às vezes isso é preciso…”. Não se considera moralista nem é esse o papel de um artista. Sente que o papel dos artistas está a “esvaziar-se” e que infelizmente é cada vez mais difícil criar novo público e manter o que já se tem, talvez face às propostas “fáceis” que são colocadas de mão beijada e de “fácil digestão”. Apesar disso o carácter que é transversal a quem é artista, não lhe permite desistir!
O país é para artistas e tem mesmo de ser, conta-nos. Ao falar do projecto que o levou a terras de Sua Majestade - “ O meu país é o que o mar não quer” - um espectáculo de teatro documental que nasceu da sua estadia em Londres em 2013 enquanto bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e foi construído a partir do seu relato pessoal incidindo nos testemunhos de emigrantes portugueses qualificados recolhidos através de entrevistas, cartas, fotos e e- mails. Estes testemunhos eram de pessoas que conheceu em Londres e que tiveram de sair do nosso País devido às medidas de austeridade da TROIKA e do Governo Português, ou que deixaram o País por vontade própria mas que agora não conseguem regressar por falta de perspectivas de futuro no país de origem. É a sua estória, a história de uma geração dividida entre partir e ficar.
“Apesar deste país nos andar a tratar mal - a todos e não só aos artistas - carregamos connosco uma espécie de utopia que nos leva a acreditar e a querer voltar sempre. É aqui que é o nosso lugar e é aqui que temos uma palavra a dizer”.
Coimbra, 01/07/2016
© Carlos Gomes
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